Indicação de Livros

Vivência Intergeracional

Aliny Perrota | Jozélia Jane Corrente Tanaca

A finalidade das experiências intergeracionais é facilitar e garantir que as pessoas de diferentes gerações desenvolvam e compartilhem conhecimentos, atitudes e valores de afeto e respeito na relação umas com as outras, quando o assunto é envelhecimento. A leitura e a contação de histórias, reais e fictícias, constituem uma das maneiras mais efetivas de praticar e desenvolver a educação intergeracional. 

A partir da análise crítica de títulos literários (infanto juvenis e adultos), reunimos uma seleção de títulos que retratam temas comuns à vida com: a morte, as ausências e as presenças; a tristeza, a alegria; o senso de identidade e a passagem do tempo; a dependência e a independência; o afeto e o respeito à essência humana. Estes e outros temas instigantes podem ser conferidos com a leitura e a contação destas narrativas sensíveis, que afetam e provocam reflexões sobre modos de (re) organizar e (re) direcionar a vida em família, em decorrência da passagem do tempo e/ou diagnósticos de doenças que acometem a memória. 

Boa leitura!

Uma senhora que se alegra quando vê girassóis, sem saber exatamente o porquê. Um menino que precisou cuidar da avó com perda de memória, enquanto o que gostaria mesmo era continuar jogando videogame. A princípio, “Mesma nova história” (Editora Peirópolis) é sobre esse encontro “forçado” entre gerações, ambas tão pouco ouvidas: os idosos e as crianças. Mas a leitura atenta nos mostra mais, passando por temas delicados e tão comuns à vida, como envelhecimento, morte e ausências.

A história nasceu a partir da colaboração de três autores que se experimentaram em diferentes linguagens. O texto escrito por Everson ganhou voz na narração de Mafuane, e depois uma narrativa visual composta por João Paulo Vaz. Assim, como é parte do caminho das histórias orais, a narração foi se modificando, perdendo uma parte aqui, ganhando outra ali, até fixar-se nessa edição escrita.

A minha avó talvez sonhe. A minha avó talvez sonhe com coisas que ela gosta. A minha avó talvez sonhe com o mar, com limonada, pães e pipas. Roberto Parmeggiani e João Vaz de Carvalho se unem para nos contar a história de uma avó encantadora e inesquecível daquelas que nos convidam a imaginar sopas de flores, viagens à lua, limonadas e pipas. A Avó Adormecida é uma narrativa sobre presença e ausência e sobre as dores e alegrias que cabem no abraço de uma avó.

Quando vovó perde a memória, tem de ir para uma casa de repouso. O avô, então, vai morar com o neto. Os dois passam a dividir o mesmo quarto, que logo se torna um espaço de convivência, de passagem do tempo e de recordação de experiências. A narrativa, conduzida pelo menino, descreve objetos capazes de contar a história do avô, entre eles a dentadura, motivo de medo e diversão.

Será possível ser filha de vó? Vó que é mãe do pai ou mãe da mãe pode ser mãe do neto ou da neta? Parece confuso falando assim, mas, se pensarmos que famílias são construídas pelo afeto, fica mais fácil de entender que pode sim. E na vida é frequente acontecer de sermos filhos ou filhas de vó. Este livro é sobre isso, sobre uma filha de vó que teve afeto, apoio, proteção, cuidado e respeito na sua família.

Este não é um livro qualquer, mas sim um verdadeiro manual de como tomar conta de uma vovó! Com ele, todas as netas e netos vão descobrir mil jeitos diferentes e únicos de se divertir muito ― só é preciso um pouquinho de imaginação e, claro, uma vovó para cuidar.

Cuidar de uma vovó pode ser muito divertido, como a protagonista deste livro mostra bem. Ela vai passar o fim de semana sem os pais, só tendo a avó como companhia. Com muita criatividade, as duas fazem um monte de coisa juntas ― de dançar “Macarena” a tirar todos os sapatos do armário e brincar de loja ―, provando que não há nada melhor do que se divertir ao lado de quem a gente mais ama.

Às vezes, a vó da gente fala umas coisas e a gente não entende nada! Será que é de propósito? Será que é a gente que não conhece o que ela está falando? Vai ver é só uma história que está bagunçada na cabeça dela. Vai ver é só uma história como a deste livro. Prêmio João-de-Barro

O mal de Alzheimer é uma doença degenerativa que atinge o cérebro e causa perda da memória, alterações do humor, confusão mental e, consequentemente, problemas relacionados à fala, à escrita, e à noção de tempo e espaço entre outros sintomas. Foi descrita pela primeira vez por um médico alemão, chamado Alois Alzheimer, de quem recebeu o nome. É a principal causa de demência entre idosos e, embora existam tratamentos para conter o seu avanço e proporcionar melhor qualidade de vida ao doente, os neurocientistas ainda não conseguiram descobrir sua causa ou propor medidas de prevenção e cura. Se já é difícil para os adultos lidar com os transtornos causados por tal doença, para as crianças torna-se muito mais complicado e assustador entender como e porque um familiar subitamente passa a agir de forma estranha, às vezes até com agressividade, e deixa de reconhecer as pessoas e os objetos de seu cotidiano. Dirigido ao público infantojuvenil, este livro conta a história do médico que descobriu tal doença e explica, de forma acessível e lúdica, o que é o Mal de Alzheimer e quais os seus principais sintomas. Assim a criança tem condições de compreender o comportamento de seu ente querido e sentir-se confiante para tratá-lo com o carinho que sempre lhe devotou, sabendo que isso é algo que nunca deixará de ser reconhecido. Além disso, ainda traz atividades e brincadeiras que podem ser realizadas em casa ou na escola, promovendo a interação entre as crianças e os adultos.

Alice Howland é uma mulher feliz, bem casada e com três filhos crescidos, que está no auge de sua carreira como professora universitária. De repente, ela percebe que está começando a se esquecer das coisas. Conforme a confusão nubla cada vez mais sua mente e a memória dela continua a traí-la, ela recebe um diagnóstico que mudará sua vida para sempre: mal de Alzheimer precoce. Corajosa e independente, Alice luta para manter seu estilo de vida e viver o presente ao máximo, mesmo com seu senso de identidade escapando por entre os dedos. Este livro é um retrato fiel e realista de uma pessoa que lentamente vai perdendo seus pensamentos e suas lembranças para o mal de Alzheimer e nos ensina que, mesmo com os aspectos da vida desaparecendo de nossa mente aos poucos, cada dia também traz uma nova oportunidade de viver e amar.

Em 2013, Fernando Aguzzoli abriu mão do emprego e dos estudos para cuidar de sua avó, Nilva, diagnosticada com Alzheimer. Da convivência dos dois surgiram momentos divertidíssimos, histórias e confidências que o neto resolveu compartilhar em uma página criada no Facebook. Alimentada diariamente por Fernando com posts e vídeos, a página comoveu centenas de leitores e conquistou milhares de fãs. Quem, eu? chega agora em forma de livro, uma reunião de todos os momentos vividos entre os dois, além de entrevistas com profissionais para ajudar outras famílias que enfrentam esse mesmo obstáculo. Uma história real e uma lição de vida, que promete muitas risadas e momentos emocionantes.