ESTRATÉGIAS PARA UMA RELAÇÃO DE AFETO, RESPEITO E EMPATIA COM A PESSOA QUE VIVE COM DEMÊNCIA

POR LARISSA MAZUCHELLI E DANIELA STEIN. PROGRAMA ZELAR, MÓDULO 7, FEBRAZ, 2022. DISPONÍVEL EM ZELAR.FEBRAZ.ORG.BR 

Veja abaixo algumas estratégias diárias que podem ser utilizadas para estabelecer uma relação de afeto, respeito e empatia com a pessoa que vive com demência:

  • Procure desenvolver uma comunicação de igual para igual e de respeito mútuo sempre. Se não for possível, delegue essa responsabilidade a outra pessoa;
  • Não diga que a pessoa está enganada ou confusa sobre algo, seja na presença de amigos(as), familiares ou mesmo de estranhos. Na maioria das vezes, não há nenhuma razão importante para corrigir. Se for realmente necessário, contorne a situação sem constrangê-la;
  • Ao conversar, evite perguntas que possam causar constrangimento. Ao invés de perguntar “O que você almoçou?”, opte por “Fiquei sabendo que você almoçou uma bela feijoada e gostou”. Ao invés de perguntar “Para onde você gostaria de ir hoje?”, seja mais direto(a) e opte por “Você gostaria de ir ao parque?”. Ao invés de perguntar “Sabe quem eu sou?”, diga “Eu sou o Pedro, seu filho”;
  • Converse sempre sobre assuntos interessantes. Não aborde assuntos constrangedores ou que podem chatear. Conversas agradáveis fazem muito bem à saúde, por isso aproveite esses momentos para acolher e possibilitar trocas significativas;
  • Não assuma que a pessoa com demência não sabe do que está falando quando está solicitando ajuda ou mesmo compartilhando sua opinião. Ouça e procure responder com cuidado e atenção. Exercite, sempre, a capacidade de explicar algo de maneiras diferentes e de forma simples. Seja claro(a) e converse com calma;
  • Não termine as frases. Encontrar palavras pode ser difícil para as pessoas que vivem com demência. Respeite o tempo necessário e exercite uma escuta ativa;
  • Se a pessoa com demência for deixada de lado em uma interação com outras pessoas, insira-a na conversa novamente sempre que possível;
  • Observe seu próprio corpo e ações. Muitas vezes, nos mostramos impacientes sem dizer uma palavra. Aproveite a oportunidade de trocas e evite, por exemplo, olhar para o relógio ou celular o tempo todo;
  • Como cuidador(a), converse sobre a doença: Ele(a) quer que os familiares, amigos(as) e desconhecidos(as) saibam de sua doença? Como ele(a) deseja ser apresentado(a)? Isso deve ser conversado e o desejo da pessoa que vive com demência deve ser respeitado;
  • Se perceber sinais de demência, não pergunte ao acompanhante “Ele(a) tem demência”? Isso pode ser muito constrangedor. Contorne e respeite a situação. Em momento oportuno, fale sobre sua impressão e ofereça apoio;
  • Como cuidador(a), procure colocar a paciência em prática, mas não se anule, nem deixe para depois questões que são importantes para você e para o relacionamento de ambos. Se a pessoa que vive com demência for capaz de compreender, converse de maneira respeitosa sobre os desafios e pensem conjuntamente em alternativas. Uma comunicação direta e aberta é muito benéfica nesses momentos: “Me desculpe, eu gostaria de esclarecer, eu estava nervoso(a), podemos conversar?”, “Me senti mal ontem sobre o que aconteceu, vamos esclarecer?”;
  • Incentive a pessoa que vive com demência a continuar a fazer as coisas de que sempre gostou e, se não puder mais, busque adaptar ao momento, buscando conforto e segurança;
  • Converse com um tom de voz audível e velocidade regulada, olhando para a pessoa. Porém, observe e gradue se perceber que há necessidade de adaptação para melhorar o entendimento e resposta;
  • Nos casos mais avançados da doença, nem sempre haverá uma resposta direta ou rápida. Ainda assim, fale que “está feliz em revê-la”, por exemplo, e expresse seu carinho e respeito. Não subestime o poder de uma boa conversa ou do olhar com afeto! A pessoa saberá que tem o seu apoio;
  • Quando falar não for possível, comunique-se com o olhar e o toque. Um sorriso acolhedor diz tanto quanto as palavras; 
  • Use recursos visuais e de sons sempre que forem interessantes e possíveis. Se quiser saber, por exemplo, se a pessoa com demência gostaria de comer um pão ou uma fruta, aponte para cada opção enquanto pergunta;
  • Observe a linguagem corporal da pessoa que vive com demência. As expressões faciais e o corpo podem te ajudar a determinar como a pessoa está se sentido e sua disposição;
  • Pergunte, questione, integre e busque que os(as) prestadores(as) de serviços (terapeutas, médicos(as), auxiliares domésticos, funcionários(as) de estabelecimentos comerciais e públicos, por exemplo) não ignorem a presença da pessoa com demência durante o atendimento, mas que se dirijam a ele(a) sempre que possível. Muitos(as) prestadores(as) de serviços atendem o familiar e ignoram a pessoa com demência, como se não estivesse ali. Promova a inclusão e comunicação sempre que possível;
  • Informe-se sobre a doença e seus estágios. Leia livros, assista a documentários e entrevistas com especialistas disponíveis na internet. Os sites das Associações de Alzheimer e da Febraz dispõem de informações confiáveis e atuais. Converse com os(as) médicos(as) e terapeutas. Não se envergonhe por não entender o que acontece. Faça quantas perguntas for necessário. Inúmeras vezes. Você tem o direito de compreender a complexidade da demência. Os profissionais da saúde devem auxiliar nesse processo;

Seja nos bons ou nos maus momentos, busque viver o presente. O passado não está mais disponível e o futuro ainda não existe.